
HISTÓRIA. No curto prazo, as disputas eleitorais internas fragilizam os grandes partidos políticos. Abrem, inevitavelmente, feridas entre os militantes e, no limite, provocam mesmo algumas cisões. Com o tempo este quadro tende a esbater-se internamente. Já externamente e no médio prazo, a imagem positiva junto dos cidadãos, regra geral, tende a melhorar. Estou confiante que as sondagens se encarregarão de o demonstrar sob a nova liderança do PSD. Mas se um novo ciclo se inicia no PSD, há um outro que se fecha, o de Pedro Passos Coelho. Na hora da sua saída, assaltam-me as palavras do Padre António Vieira: “Se servistes à pátria, que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis, ela o que costuma”. Não são os eleitores que fazem justiça é a História que faz justiça. A História fará justiça a Passos Coelho, como um dos maiores Estadistas da nossa democracia.
MENTIRA. No último debate quinzenal, o primeiro-ministro afirmou orgulhosamente que, no ano de 2017, o seu governo abrira 23 novas Unidades de Saúde Familiares, ficando apenas a duas unidades de cumprir o objetivo anual. No dia seguinte soube-se que, afinal, só tinham aberto cinco unidades e destas nenhuma de forma irregular. O primeiro-ministro voltou a mentir ao país e descoberta a mentira mostrou-se impávido e sereno. A mentira não passou. Desta vez não passou, mas, no entretanto, muitas outras já passaram e vão, infelizmente, continuar a passar. Todas cumprirão a missão de nos oferecerem um país que nada tem a ver com o país real.
LOGRO. É mais ou menos consensual que havendo evidência científica e vantagens do ponto de vista clínico na utilização de cannabis para fins terapêuticos, esta seja legalmente permitida. Muitos doentes já usam ao longo da vida opiáceos de forma medicamente controlada com o objetivo de acalmar a dor ou para tirar sintomas incómodos. Há boleia deste consenso o Bloco de Esquerda avançou com uma iniciativa legislativa, não propriamente para permitir o uso terapêutico da cannabis, mas sim abrir caminho à utilização da cannabis para fins recreativos, sem critério e sem regras. A comunicação social caiu no logro, o Parlamento não.
Jorge Paulo Oliveira
(Deputado do PSD na Assembleia da República)