PEDRÓGÃO GRANDE. Portugal chora, Portugal está de luto. Cada coisa a seu tempo, mas não está fora de tempo dizer que há coisas que nem só o tempo pode explicar. Não podemos aceitar que o tempo passe e com ele as perguntas fiquem sem resposta. O fogo mais mortífero em Portugal, um dos piores do mundo, não pode ser branqueado. Não pode haver responsabilidade apenas para as boas notícias e nunca para as más notícias. Até lá, assinale-se que perante uma das maiores tragédias da nossa democracia, os portugueses voltaram a mostrar que são um povo solidário, a Ministra da Administração Interna revelou outra vez toda a sua insegurança e o jornalismo, na ânsia de mostrar mais e mais, passou os limites da decência. Os portugueses não tiveram só direito a jornalismo, mas também a terrorismo jornalístico.
PROCEDIMENTO. Portugal saiu oficialmente do procedimento por défice excessivo, recuperando por isso alguma liberdade na definição e implementação de políticas orçamentais. Uma excelente notícia sem dúvida. Sem embargo, vale a pena recordar que foi o governo socialista de José Sócrates que aí nos colocou em 2009. Vale a pena lembrar que o sucesso agora alcançado só foi possível porque Portugal conseguiu cumprir o violento programa de ajustamento a que foi submetido, depois da terceira bancarrota socialista, e foi capaz de introduzir reformas que, como o afirmou recentemente a OCDE, estão a ter agora resultados. Resta saber se aprendemos a lição.
CUNHAS. Por estes dias a família de Carlos César, o líder parlamentar socialista, andou nas bocas do mundo. O caso não é para menos. A mulher Luísa, a nora Rafaela, o irmão Horácio, a cunhada Patrocínia e a sobrinha Inês, ocupam lugares de relevo no Estado por nomeação política. Nenhum foi eleito. Todos os partidos políticos têmo cadastro nesta matéria, mas nenhuma outra família em Portugal, dado o número de elementos envolvidos, supera a família “César” no assalto à administração pública. Por favor não venham com essa conversa de que esta é uma família de predestinados. Carlos César é o rei das “cunhas” do nosso sistema político. Ponto final.