Exportações têxteis e vestuário caíram 11%

Segundo dados do INE, as exportações portuguesas de têxteis e vestuário caíram 11% em 2020, para 4.643 milhões de euros, mas teriam recuado quase 15% se não fossem as vendas de equipamentos de proteção individual para combate à pandemia.

O valor estimado das exportações de equipamentos de proteção individual está em cerca de 189 milhões de euros.

Relativamente aos setores, verifica-se que em 2020 as exportações de matérias-primas têxteis caíram quase 10%; mas a categoria mais afetada foi a de vestuário que desceu 17%, que teria sido maior se não fosse os EPI.

Já as exportações de têxteis-lar e outros artigos têxteis confecionados, entre os quais as máscaras têxteis, aumentaram 14,3%, mas teriam recuado 9% se excluídas as vendas de EPI.

De acordo com a ATP, as exportações do setor para destinos extracomunitários aumentaram 26% e para países comunitários caíram 19%.

Entre os destinos que registaram melhores desempenhos em termos absolutos contam-se a França (mais 34 milhões de euros), Dinamarca (mais seis milhões de euros) e Alemanha (mais 4,9 milhões de euros).

Já entre os destinos não comunitários, o destaque vai para a Austrália (mais 2,4 milhões de euros, +15%), Nicarágua (mais 2,3 milhões de euros, +67%) e Suíça (mais 1,8 milhões de euros, +3%).

As maiores quebras foram para Espanha, com menos 25%, e para Itália, com um recuo de 13%.

No que se refere às importações de têxteis e vestuário, registaram uma quebra de 14%, somando 3.812 milhões de euros.

Quer isto dizer que no final de 2020, o saldo da balança comercial do setor era de 830 milhões de euros, com uma taxa de cobertura de 122%.

Famalicão: Ricardo Silva é o novo presidente da ATP

A Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) elegeu, na passada sexta-feira, Ricardo Silva (CEO da Tintex Textiles), como o novo presidente da associação para o triénio 2025–2027. O anterior presidente, Mário Jorge Machado, da Adalberto Textile Solutions, Paulo Melo (Somelos) e Vítor Fernandes (TMG) são os novos vice-presidentes.

A Mesa da Assembleia Geral é presidida por Eduardo Moura e Sá (IDEPA) e o Conselho Fiscal por José Guimarães (Fortiustex).

Para o novo líder da associação, que tem sede em Famalicão, a ATP «tem o dever, o know-how e a força para ser um verdadeiro suporte para os empresários e empresas que representa. Queremos que a ATP ofereça um serviço diferenciado e importante para o seu dia a dia».

A nova direção pretende acompanhar cada empresa num percurso personalizado de aumento de valor acrescentado, potenciando simultaneamente a competitividade do setor através do efeito de rede setorial.

Ricardo Silva aponta a indústria têxtil e do vestuário «como um exemplo de resiliência e de ambição tecnológica», seja pela diversidade de produtos criados, pela diferenciação de processos e tecnologias, ou pela capacidade constante de transformação para responder aos vários desafios. Neste sentido, aporta à ATP um papel «agregador e motivador. Neste novo mundo, onde a incerteza e a volatilidade são constantes, a ATP tem um papel de suporte e confiança ao setor mais especial do que nunca», fornecendo informação relevante e atualizada para decisões ponderadas para os associados».

É, assim, missão da ATP, assessorar as empresas da ITV portuguesa no seu caminho de aumento de geração de valor acrescentado e, pelo efeito de rede setorial, potenciar a competitividade e a expansão do valor acrescentado do setor e da Moda portuguesas.

Deputados do PS preocupados com crise têxtil no Vale do Ave que pode afetar centenas de trabalhadores

Os deputados socialistas eleitos por Braga manifestaram, esta terça-feira, a sua preocupação com a crise que afeta o setor têxtil no Vale do Ave. A posição surge após as notícias e anúncios de despedimentos em empresas da região, com impacto em concelhos como Guimarães, Vizela, Famalicão e Santo Tirso.

Em comunicado enviado à redação, os deputados socialistas na Assembleia da República entendem «ser urgente» que o Governo avance «com medidas concretas para proteger os trabalhadores e apoiar as empresas, evitando que esta crise tenha efeitos irreversíveis na região».

O grupo parlamentar questionou o Governo sobre os apoios imediatos aos trabalhadores afetados, os instrumentos específicos de apoio às empresas da região e as medidas estruturais necessárias para reforçar a modernização e a resiliência do setor têxtil

Vale do Ave: Dificuldades de três grupos têxteis colocam em causa a vida de centenas de trabalhadores

Três grupos têxteis, com unidades no Vale do Ave e com ramificações em Guimarães, Famalicão, Vizela e Santo Tirso, estão em dificuldades e avançaram para Processos Especiais de Revilalização (PER). Estes grupos dão emprego direto a cerca de duas mil pessoas. A notícia é avançada pelo JN.

O Grupo Polopiqué, com sede em Santo Tirso, tem em andamento uma reestruturação, com recurso ao PER para algumas das unidades e pedidos de insolvência para outras. As várias empresas empregam 800 pessoas e metade serão despedidas.

Serão encerradas duas das unidades de produção, reestruturada dívida com a banca, venda de ativos e a concentração nos negócios que geram maior rendimento. O PER é para as sociedades das áreas de acabamentos e da Polopiqué Comércio, além do pedido de insolvência das unidades de tecidos e de confeção, apurou o ECO.

O mesmo acontece na JF Almeida, de Moreira de Cónegos, que também apresentou PER. A 1 de agosto, um fornecedor de produtos químicos avançou com um pedido de insolvência da StampDyeing – Tintutaria, Estamparia e Acabamentos, que emprega 100 trabalhadores. A StampDyeing, com sede em Ponte, Guimarães, faz parte do universo empresarial da Mabera que, em 2021, resgatou a histórica têxtil Coelima, pagando 3,7 milhões de euros para a tirar da bancarrota.

Têxteis J. F. Almeida, S.A. garante «operacionalidade» e cumprimento de todos os contratos

Em comunicado, enviado à redação, a Têxteis J. F. Almeida, S.A garante que o processo especial de revitalização, nos termos do artigo 17.º-I do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas, «tem como único objetivo a reestruturação de créditos detidos por entidades financeiras» e não tem impacto na atividade empresa. «A operacionalidade da Têxteis J. F. Almeida, S.A. mantém-se integralmente assegurada, bem como o rigoroso cumprimento de todos os contratos celebrados com fornecedores, trabalhadores ou demais parceiros, que não são afetados em nenhuma medida» lê-se, ainda, no comunicado.

Famalicão: No primeiro semestre, Riopele apresenta faturação consolidada de 52,7 milhões

A Riopele superou as metas traçadas para o primeiro semestre de 2025. A faturação consolidada de 52,7 milhões de euros; subida das vendas de 6%; um lucro EBITDA (lucro antes dos impostos, amortizações, etc.) de 16%; e uma descida da dívida da empresa têxtil.

O presidente do conselho de administração, José Alexandre Oliveira, passou uma mensagem de confiança: «sinto-me muito satisfeito com os resultados alcançados pelas nossas equipas no primeiro semestre de 2025, resultados que só foram possíveis graças ao comprometimento, à dedicação e ao espírito de colaboração de todos. Encaramos o futuro com otimismo, mas com plena consciência dos desafios e incertezas que o setor têxtil e o mundo enfrentam. No entanto, tenho plena confiança de que os colaboradores da Riopele continuarão a garantir o crescimento sustentável da empresa, honrando quase um século de história e preparando a Riopele para os desafios que virão», referiu.

Estes dados e outros foram analisados num encontro de gestão, em julho, que reuniu cerca de 250 colaboradores. José Oliveira falou dos pilares estratégicos da empresa, abordou os desafios que a indústria têxtil enfrenta «num contexto político, económico e social particularmente exigente», referiu.

Na altura, o diretor criativo, Carlos Costa, revelou a coleção AW26, revisitando os primeiros anos da Riopele — as pessoas, os lugares e os fios que deram início a tudo. O encontro também antecipou as comemorações do centenário da empresa, em 2027, com a apresentação das primeiras iniciativas pela gerente de desenvolvimento de negócios, Francisca Oliveira. Houve, ainda, um momento cultural em homenagem à fundação da empresa.

Já é possível comprar casa com criptomoedas em Portugal

O uso de criptomoedas deixou de ser exclusividade do mundo digital e passou a integrar, gradualmente, operações económicas do quotidiano. Em Portugal, um dos sectores onde essa transformação começa a ganhar forma é o imobiliário: já é possível comprar uma casa com bitcoin.

Embora ainda não se trate de uma prática generalizada, algumas transações provam que o recurso às moedas digitais pode ser uma alternativa viável na aquisição de imóveis, desde que comprador e vendedor estejam alinhados com os requisitos legais e fiscais.

A compra de um imóvel com criptomoedas em Portugal ganhou visibilidade em 2022, quando uma habitação em Braga foi transacionada por 3 bitcoins. Este exemplo marca uma nova etapa para o mercado imobiliário português, que acompanha uma tendência global de adopção dos criptoativos em contextos comerciais.

Como funciona a compra de imóveis com bitcoin?

Para quem considera realizar uma operação deste tipo, é importante compreender que nem todos os vendedores estão disponíveis para aceitar criptomoedas como forma de pagamento. Nesses casos, o comprador deve converter os seus ativos digitais em euros, através de corretoras devidamente registadas e supervisionadas pelo Banco de Portugal.

Caso haja acordo entre as partes para a utilização de bitcoin, o negócio é formalizado juridicamente como uma permuta. Ou seja, uma troca entre um bem digital e um bem imóvel.

Vantagens para quem compra com criptomoedas

Do lado de quem compra, há vantagens claras. Utilizar lucros obtidos com criptomoedas para investir em imóveis permite diversificar o portfólio, apostando num activo mais estável. Além disso, a permuta em bitcoin pode servir como uma forma eficiente de realizar o cash out dos criptoativos, sem as perdas geralmente associadas à conversão directa para euros.

Outro ponto favorável é a ausência de burocracia bancária: sem necessidade de transferências ou cheques, as transações tendem a ser mais céleres, especialmente úteis para compradores residentes no estrangeiro.

Porém, existem também limitações. A mais evidente é que, em Portugal, ainda não há bancos autorizados a conceder crédito habitação em bitcoin. Isso significa que o negócio só é possível para quem dispõe do valor total.

Acrescem ainda exigências documentais rigorosas: é necessário comprovar a origem dos fundos, garantir a rastreabilidade da transação e cumprir obrigações fiscais, como o pagamento do IMT (Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis), do IS (Imposto de Selo) e os registos em Conservatória — todos pagos em euros.

Benefícios para o vendedor

Para os vendedores, a principal vantagem reside na rapidez e autonomia da transação, feita diretamente entre as partes e sem mediação bancária. Existe também a expectativa de valorização futura da bitcoin, o que pode tornar a operação ainda mais rentável.

A volatilidade das moedas digitais continua a ser um obstáculo significativo. Como o tempo entre a colocação do imóvel no mercado e a sua venda pode ser de semanas ou meses, flutuações acentuadas na cotação da bitcoin podem desajustar o valor previamente acordado. Outro entrave é que algumas agências imobiliárias ainda não aceitam comissões pagas em criptomoedas, o que pode complicar a operação.

Um novo caminho que exige atenção profissional

O avanço das criptomoedas no mercado imobiliário português é um sinal claro de que o sector está a adaptar-se às novas formas de investimento. No entanto, este tipo de transação continua a exigir preparação, aconselhamento profissional e compreensão das especificidades legais.

Para quem está disposto a enfrentar essa curva de aprendizagem, a compra de casa com bitcoin pode ser uma porta aberta para uma nova era de negócios: mais digitais, mais autónomos e, possivelmente, mais rentáveis.

Famalicão: CITEVE assina memorando com universidade chinesa para investigação e desenvolvimento

O CITEVE e a Wuhan Textile University, instituição académica de referência na área têxtil na China, assinaram um memorando de cooperação que também envolve o CeNTI.

O acordo, formalizado a 15 de agosto, numa cerimónia em Wuhan, com a presença de Braz Costa, diretor-geral do CITEVE, e dos responsáveis da universidade Xu Weilin (secretário) e Fu Xin (reitor), representa mais um passo na aproximação entre a indústria e a academia, promovendo projetos conjuntos de investigação e desenvolvimento, bem como o intercâmbio académico entre os dois países.

O protocolo surge após um período exploratório, iniciado em 2023, e pretende abrir portas para iniciativas que vão da qualificação de talentos até à inovação científica aplicada à indústria têxtil, com especial realce na sustentabilidade e na reciclagem de resíduos têxteis.

A Wuhan Textile University atribuiu a Braz Costa o título de Professor Convidado, distinção que sublinha a ação do responsável do CITEVE na modernização e internacionalização da indústria têxtil.

Durante a visita, Braz Costa conheceu o Laboratório Conjunto Nacional-Local, e trocou impressões com a equipa coordenada por Wang Jinfeng sobre novas tecnologias para o desenvolvimento sustentável do setor.

Este acordo, segundo o CITEVE, consolida a cooperação sino-portuguesa num setor considerado estratégico e reforça o posicionamento do centro tecnológico como parceiro internacional de excelência em inovação têxtil.

Foto: Reprodução Facebook Citeve