
O sobreiro, com cerca de meio século de vida, posicionado no ponto mais elevado do Parque da Devesa, morreu, no entanto, a sua presença vai continuar a marcar a paisagem, agora sustentado em peças de aço corten, fragmentos da memória do sobreiro com apoios ao chão. A intervenção foi do arquitecto paisagista Gonçalo Nunes de Andrade que transformou a árvore morta numa escultura repleta de memória e simbologia da vida.
A obra, “Memória Inscrita” , dá corpo à expressão “As árvores morrem de pé”, consolidando, também, a máxima do químico francês Lavoisier “na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
Gonçalo Nunes de Andrade exerce funções de professor convidado na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. É também fundador da Xscapes, Sociedade de Arquitectura Paisagista, desde 2007 com projetos desenvolvidos e premiados em áreas de atuação que vão desde o planeamento urbano ao projeto de espaços verdes.
De acordo com a memória descritiva a peça proposta para o parque da Devesa «é a preservação de uma marca, um ponto focal, a memória de um Quercus Suber. A sustentação da memória frágil e incompleta. A distância e a perspetiva sobre a peça. O olhar sobre a memória do sobreiro com diferentes registos ao perto e ao longe».
Refira-se que esta não é a primeira vez que o Parque da Devesa transforma uma árvore morta em obra de arte. No ano passado, o artista plástico Isaque Pinheiro apresentou a peça “Rebater uma árvore”, que consistiu na transformação de um carvalho morto com cerca de 110 anos de idade.